O VINHO, POR QUEM NÃO É ESPECIALISTA

O mesmo preâmbulo do post anterior vale para este.

Qual é o melhor vinho?

Quem determina ou define o que é o melhor vinho?

Você “elege” o melhor vinho porque um somelier ou um enólogo apontou o melhor?

Você adota o melhor vinho porque um amigo, que fez “curso de vinho”, disse qual é o melhor? Ou porque o “especialista em vinhos” da loja onde você compra disse que é o melhor?

Já estive em uma loja em que o “especialista” em vinhos não tinha a mínima idéia do que seriam a Alsácia e Saint Emilion. Na verdade, só “entendia” de vinhos chilenos, e dizia, todo satisfeito, que os chilenos são os melhores vinhos. E veja que o cidadão é brasileiro.

Você teria a coragem de dizer que o melhor vinho é aquele que, ao ser bebido, lhe deixa feliz, satisfeito, realizado, porque você sente o gosto do que para você é realmente o melhor?

Você é, ou não, o dono de seu próprio nariz; na verdade, de seu paladar?

Não temo ser criticado, Por isso, vou dizer o que penso sobre o vinho.

Como fomos colonizados pelos portugueses, e depois recebemos os imigrantes italianos e alemães, o vinho sempre teve seu lugar na vida dos brasileiros – embora, antigamente, fosse pouco consumido.

O crescimento do consumo teve início, na verdade, no princípio da década de 70, quando tornou-se popular no Brasil o vinho branco.

Até então, o que se conhecia aqui eram os vinhos porguêses, especialmente os verde. Calamares, Casal Garcia, Mateus Rosé. Todos se lembram desses nomes.

Tinha também os brasileiros. Até Andradas, no Sul de Minas Gerais, produzia vinho, sendo o mais conhecido o Nau-Sem-Rumo.

Retornando à década de 70, à beira de uma piscina, num belo dia de verão, nada melhor do que um Weinzeller, ou um Katzwein, vinhos brancos fabricados no Rio Grande do Sul (se não me engano, pela Cooperativa Vinícola Aurora), de sabor agradável e refrescante.

De repente, surgiram os vinhos brancos alemães. Primeiro, o Liebfraumich.
Depois, os vinhos de garrafa azul ou marron, estes que, dizia a lenda, eram os
melhores. Podia ser do Reno ou da Mozela.

Na época, todos pareciam saber o que era um qualitatswein ou um qualitatswein mit prädikat.

Nem vou falar do cooler, mistura de vinho com suco de frutas.

Na época (na verdade, desde os anos 60), vigorava uma lenda: o vinho rosé era de má qualidade, fabricado com a sobra do vinho tinto, misturado com a sobra do vinho branco. Claro, diziam os “conhecedores”, vermelho misturado com “branco” se torna rosa.

Você sabia que o vinho rosé é a bebida cujo consumo mais aumentou nos últimos cinco anos?

Você sabia que, enquanto um champanhe La Grande Damme, da Veuve Clicot, branco, custa, no Brasil, algo em torno de 800 reais, o mesmo champagne
rosé
custa em torno de 1.400 reais?

Na Veuve Clicot, em Rheims, na região da Champagne, uma guia da vinícola chegou a
nos dizer que um de seus maiores prazeres era, após o trabalho, no fim de tarde, beber uma taça de champagne rosé.

Experimente provar um vin de sable, vinho rosé, da Provence. Preste a atenção na cor, no
tom. Sinta o sabor leve, verdadeiramente agradável.

Por quê vin de sable? Porque na região da Provence, o terreno é predominantemente arenoso, e as videiras são plantadas praticamente na areia (sable em Francês).

Mas, uma “verdade absoluta” sempre reinou. E ainda impera: o melhor vinho é o tinto.

Quem disse isso? Quem decretou essa regra?

E mais, os melhores tintos são os de Bordeaux.

Por que?

Em Bordeaux nem se produz vinho. Mas em Saint Emilion e em outras pequenas cidades da região.

Outra definitividade: os melhores são os vinhos franceses. Embora hoje os “conhecedores”, especialmente os que são ligados a alguma vinícola ou importadora, afirmem (será por quê?) que os vinhos chilenos já se igualaram em qualidade aos franceses; e até já ultrapassaram.

Nisso – que o vinho francês é o melhor, estou de acordo.

Continuo no próximo “post”.

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